segunda-feira, 20 de setembro de 2010

ROTEIRO DE CAMPO NO PARQUE ESTADUAL DO TURÍSTICO DO ALTO RIBEIRA: PETAR

1 – INTRODUÇÃO
O presente trabalho pretende elaborar um roteiro de campo no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR), extremo sul do Estado de São Paulo. Entre as cidades de Iporanga e Apiaí, com proposta de atividades visando o estudo da Geografia Física da área em estudo.

2 – OBJETIVOS

Objetivo geral
• Elaborar um roteiro de campo do Parque Estadual Turístico Alto Ribeira o PETAR.

Objetivos específicos
• Observar os aspectos geológicos e geomorfológicos do Parque Estadual do PETAR;
• Demonstrar a importância da pesquisa de campo para o estudo da Ciência Geográfica;
• Analisar de que forma a percepção e a cognição contribuem para a apreensão da paisagem e do meio ambiente.

3 – DESENVOLVIMENTO
Este Trabalho de Campo (TC) se constitui num instrumento extremamente significativo e necessário ao processo de ensino e aprendizagem de Geografia, possibilitando aos alunos de estabelecer a relação dos conhecimentos adquiridos em contexto de sala de aula com a realidade envolvente, ou seja, ultrapassar além dos as fronteiras estabelecidas, sempre em busca do conhecimento e experienciar outras realidades.
O trabalho de campo, não possui virtudes apenas para o desenvolvimento da pesquisa científica, mas através da contribuição do geógrafo, busca, satisfazer a curiosidade da sociedade sobre o mundo em que vivem. Se ao geógrafo cabe a função de satisfazer esta curiosidade, ele precisa compreender e apreciar os lugares e para isso, a necessidade do trabalho de campo. Segundo HART apud KOZEL (1996), “uma boa Geografia começa pelo olhar”.

3.1 – Percepção e cognição ambiental
As bases da percepção são fisiológicas e anatômicas, ocorrendo mediante os órgãos sensoriais. No que tange à percepção ambiental, é mais usual lançar mão da percepção visual. É através da visão que os homens se expressam e se comunicam mais frequentemente. O mundo moderno é visual, feito de cores e formas, principalmente.
As variáveis fundamentais da percepção são espaciais e temporais, pois o nosso mundo tem extensão e duração.
Após várias décadas investigando mediante a percepção geográfica os estudos agora estão se voltando para a cognição ambiental. Não mais se restringindo às pesquisas perceptivas, os trabalhos têm sido atualmente mais ligados ao conhecimento, à cognição.
Cognição é conhecimento e é um processo. A discussão epistemológica do processo de cognição implica considerar alguns estágios tais como: percepção, mapeamento, avaliação, conduta e ação. Como o processo cognitivo é amplo, dinâmico e interativo, cada estágio influi o seguinte. Convém ter em mente a afirmação de que a natureza e a sociedade funcionam holisticamente, pois os fatos e fenômenos se processam conjuntamente, um é causa de um efeito, que se torna por sua vez, causa e efeito, dependendo do foco e do interesse que temos no momento.
Em um primeiro momento a percepção é individual e seletiva, sujeita aos seus valores, suas experiências prévias e suas memórias. Ao passo que na etapa seguinte, o mapeamento está submetido aos filtros culturais, sociais e ainda individuais.
Segundo OLIVEIRA apud KOZEL (1996) “na compreensão da realidade há diferenças entre ênfases para atingir as dimensões espaço-temporais; deve-se, portanto, proceder a uma leitura holística do meio ambiente: o físico e o humano, a percepção e a cognição.”.
Segundo LIMA apud KOZEL (1996) “paisagens emergem de uma única paisagem: horizontes são revelados a cada novo olhar ou reflexão, a cada momento em que um outro caminho a ser trilhado apresenta cenários e dimensões diferentes. Estes cenários ao abarcarem uma multiplicidade de componentes e estruturas paisagísticas imbricadas, trazem em si elementos naturais e culturais em interações constantes, marcando assim a identidade da paisagem. (...) A realidade paisagística construída mediante suas dimensões do concreto e do imaginário, do visível e do não-visível, é traduzida em percepções sucessivas, complementares, refletidas nas transformações de atividades e condutas concernentes ao meio ambiente”.

3.2 – Roteiro de campo
As propostas de atividades no Parque Estadual do Alto Ribeira : PETAR estão voltadas para a compreensão dos aspectos geológicos, da geomorfologia e da ecologia do local. Consistem em visitas:
• parque;
• cavernas;
• os rios e trilhas.

3.3 - O Parque
Foi criado em 1958 no mês de maio pelo Decreto Estadual n. 32.283, criando a entidade jurídica do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR), Estado de São Paulo. O Parque localizá-se no sul do Estado de São Paulo, entre as cidades de Apiaí e Iporanga.
O PETAR possui uma área de 35.712 hectares, visando resguardar e proteger o rico patrimônio natural da região do Alto Ribeira, representado pela importante biodiversidade dos remanescentes de Mata Atlântica, pelos sítios paleontológicos, arqueológicos, históricos e por abrigar uma das províncias espeleológicas mais importantes do Brasil.
Geograficamente, o PETAR é situado a 24° 38’ latitude Sul e 48°50’ longitude Oeste. A área está inserida numa região climática de transição entre o clima quente das latitudes baixas e o clima temperado mesotérmico das latitudes médias, típico da região sul. NIMER (1977) classifica o clima da área como subquente e superúmido, sem estação seca. As médias térmicas anuais normalmente encontram-se entre 20º a 22º C. As amplitudes térmicas anuais são relativamente baixas, em grande parte devido à presença da vizinhança oceânica.

Na região, este clima permite o desenvolvimento da Floresta Perenifólia Higrófila Costeira (ALONSO, 1977), que apresenta uma fisionomia alta e densa, conseqüência da variedade de espécies pertencentes a várias formas biológicas e estratos. O grande número de epífitas, fetos arborescentes e palmeiras dá a esta floresta um caráter tipicamente tropical.

O Petar encontra-se sobre o flanco sudeste da Serra de Paranapiacaba, com relevo montanhoso e amplitudes topográficas de até 700m. Esta área constitui a Serrania do Ribeira (IPT 1981), representando a zona de transição entre o Planalto Atlântico, a noroeste do parque, com cotas entre 800 e 1200m, e a Baixada Costeira, a leste-sudeste com altitudes máximas em torno de 600m.


Figura 1 – Localização do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR).


3.4 - As Cavernas
Os atrativos mais procurados pelos visitantes do PETAR são as cavernas. Atualmente são conhecidas cerca de 200 cavernas na região do parque e arredores. A caverna com maior desenvolvimento planimétrico é a caverna Santana, com 6300m, enquanto o maior desnível é encontrado ao longo da caverna Água Suja, com 297m.



Figura 2 – Localização das principais cavernas em relação ao perímetro do PETAR e os núcleos de visitação. No quadro menor, localização das cavernas nos arredores do parque.

A formação geológica do PETAR é calcária. O calcário é uma rocha sedimentar, isto é, forma-se através de “restos” sob pressão. No caso, o calcário é formado por carapaças e ossos de animais marinhos, que foram se depositando no fundo do mar e com o tempo compactadas. As cavernas calcárias são formadas principalmente por um mineral que se chama calcita (CaCO³).
3.5 Os rios do Parque
A água proveniente de chuva ou de rios abre pequenas frestas no calcário, e vão descendo até as cavernas. Junto com essa água desce a calcita dissolvida, que é o mineral que gera os espeleotemas. Ao gotejar, o CO2 se desprende, a calcita cristaliza dando origem a estalactites, ou estalagmites, ou se ficar muito tempo gotejando irá unir uma estalactite com uma estalagmite formando uma coluna, e desse modo vão se formando os diversos espeleotemas. Os espeleotemas mais comuns são as estalactites e as estalagmites, mas existem outros como as cortinas, as pérolas sedimentares, as colunas, os cálices, etc. A água é o principal fator para a ocorrência dos espeleotemas, que são das seguintes maneiras:


FOTO 1 – Parque Estadual do Alto Ribeira (PETAR) -
Fonte: google

3.6 - Trilhas do parque
O PETAR possui várias trilhas que normalmente são usadas como acesso as cavernas e cachoeiras da região. A mais famosa delas é a trilha do Betari que leva ate as cachoeiras das Andorinhas e Beija-flor passando pela caverna da Água Suja e Cafezal. Essa trilha segue margeando o rio Betari e possui aproximadamente 4 km. A sua beleza cênica encanta os amantes da natureza.
O parque exige a presença de monitores locais para a visitação dos roteiros turísticos no seu interior. Os monitores do PETAR vão alem de uma pessoa que apenas sabe mostrar o caminho. Eles possuem conhecimento de geologia, botânica, e conhecem muito bem as cavernas, a fauna e flora local. Eles conhecem o mecanismo de formação das cavernas e vão explicar como essas imensas cavidades foram criadas. Durante o roteiro turístico eles explicam como os espeleotemas (formações das cavernas) são formados. Você vai conhecer as condições de formação dos estalactites, dos estalagmites, das cortinas, dos travertinos etc. Eles atuam através das associações de monitores da região, ou de uma empresa de turismo local, ou de forma independente. Quem não conhece a região o melhor caminho é procurar uma dessas empresas locais ou solicitar as pousadas para apresentar um desses monitores.

3.7 – Descrição geológica do PETAR.
O contexto geológico regional é o da Faixa Dobrada Apiaí, composta pela seqüência metassedimentar supra-crustal vulcano-sedimentar, genericamente denominanda de Grupo Açungui, o qual é compartimentado em blocos tectônicos seguindo um sistema de zonas de cisalhamento transcorrentes com direções NE-SW (Campanha 1991 e IG 1999). O PETAR localiza-se no bloco tectônico do Lajeado, limitado a norte pelo lineamento Quarenta Oitavas e a sul pela falha da Figueira. Este bloco é ocupado pela seqüencia metassedimentar de baixo grau metamórfico do Subgrupo Lajeado, composta por unidades pelíticas, psamíticas e carbonáticas, incluindo um corpo de gabro no topo. As rochas carbonáticas pertencem às Formações Bairro da Serra (com metacalcarenitos e metacalcilutitos impuros calcíticos e dolomíticos), Mina de Furnas (com metacalcarenitos e calcilutitos laminados) e Passa Vinte (metacalcarenitos dolomíticos). A primeira tem maior expressão em área, tanto no Petar, como no Bloco Lajeado.

4 – CONCLUSÃO

Conclui-se que, o trabalho de campo é fundamental para a compreensão do espaço em que vivemos, pois o geógrafo está sempre em busca “do conhecer” outras realidades, vivências e experiências, neste sentido, o roteiro apresentado vem ao encontro destes propósitos, auxiliando-o na busca constante do aprendizado.

5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KOZEL, S. Didática de Geografia: memórias da terra: o espaço vivido. São Paulo: FTD, 1996.
Disponível em << www.expedicaoparquesnacionais.com.br >> Acessado em 22/04/2010.
Disponível em << www.overmundo.com.br >> Acessado em 22/04/2010.
Disponível em << www.pontagrossa.pr.gov.br >> Acessado em 22/04/2010.
Disponível em << www.tibagi.uepg.br >> Acessado em 22/04/2010.
Disponível em << www.wikipedia.org >> Acessado em 22/04/2010.